ESPECIALISTAS DO MEDO

Quando forem consultar, evitem os (por mim chamados) Médicos Especialistas do Medo. Eles podem te adoecer. Infelizmente, trata-se de uma especialidade médica em alta no Brasil. Eles não fazem Medicina Baseada em Evidências, nem utilizam o tal Método Clínico Centrado na Pessoa.
Preferem atendimentos impessoais, apegados a protocolos, e nutrir-se de informações obsoletas. Eles ainda acreditam nas falácias da indústria preventiva. Movem-se por preconceitos inconfessos, interesses econômicos, altas doses de pessimismo e seus próprios medos adormecidos. 
São médicos que perderam a confiança no universo, que deixaram de acreditar no princípio clínico-jurídico de presunção de inocência; na pureza e fortaleza humana natural. Indolentes, estão sempre à procura de ocultos padecimentos.
Na falta de elementos clínicos consistentes, ou de poder de convencimento durante a consulta (muitos desses médicos têm sérias limitações de comunicação), pedem baterias de exames e solicitam retorno. 
Citarei apenas um exemplo de como isso pode te prejudicar. 
As doenças da tireoide têm se comportado como verdadeira epidemia moderna. Sabem porquê? Muito se deve ao excesso de exames solicitados sem critério clínico e falhas na interpretação.
Fazer ultrassom da teiroide e medir hormônios teiroideanos com frequência podem te transformar em uma pessoa doente, mesmo você estando saudável. Explico.
Quando o médico assistente é incapaz de correlacionar o resultado dos exames complementares com os elementos clínicos da pessoa em questão, ele falha. Começa a tratar alterações dos exames que na verdade são irrelevantes do ponto de vista clínico.
A maioria desses médicos ignora uns probleminhas chatos, estatísticos, importantes na hora de interpretar resultados de exames, tipo: sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo (e a pedra no sapato que é a questão dos faltos positivos e negativos). Em fim.
Acabam por prescrever hormônios (para a vida inteira) para hipotireoidismos subclínicos, e solicitam PAAF (biopsia) – e até fazem cirúrgicas –, de cistos e nódulos tireoidianos inócuos, sem repercussão clínica no presente nem no futuro.

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