FINGIMOS QUE TRABALHAMOS, SENHOR MINISTRO

Senhor ministro da saúde. É verdade. Nós, Médicos de Família e Comunidade, fingimos que trabalhamos quando:
Nossas equipes não têm espaço físico adequado para acolher os usuários e realizar escuta qualificada de suas demandas;
Não temos carro oficial disponível para realizar os atendimentos domiciliares de pacientes acamados;
Não temos laringoscópio caso precisemos intubar de urgência algum paciente;
Não temos desfibrilador nem monitor caso alguém tenha um infarto dentro da unidade;
Não temos oxigênio para dar suporte a pacientes com crise de asma ou bronquiolite; 
Nossas enfermeiras não têm consultório para compartilhar os atendimentos e a demanda das equipes com o médico;
Quando faltam reagentes no laboratório para os exames do protocolo de seguimento do pré-natal; sem falar em outros tantos necessários para o diagnóstico e acompanhamento de diversas enfermidades;
Quando nossas farmácias não disponibilizam os medicamentos que prescrevemos aos doentes que não tem dinheiro para comprar;
Quando as pessoas que atendemos não têm emprego nem renda suficiente para se manter com dignidade, pagar seus aluguéis e se alimentar adequadamente, graças às políticas implementadas pelo seu governo. 
Você tem razão, senhor ministro. Graças a vocês, nós fingimos que trabalhamos!

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