MENOS É MAIS
A jovem de 21 anos passou a sentir uma dor em baixo ventre que a incomodava bastante. Consultou no posto de saúde próximo de sua casa, saindo com uma receita de buscopan. Dias depois, havendo a dor persistido e se intensificado, procurou a emergência do hospital.
Avaliada pelo cirurgião geral de plantão, ficou internada pela suspeita de apendicite. Fizeram exames. O hemograma completo revelou discreta leucocitose. Quando já estava tudo pronto para a operação, o chefe do serviço avaliou melhor o caso e colocou em dúvida o diagnóstico. Pediram uma tomografia de abdome total e pelve, cujo resultado foi normal. Decidiram então encaminha-la ao serviço de ginecologia. Reavaliada, disseram não ser nada grave (apesar de a dor estar mais intensa) e a mandaram para casa com analgésicos.
De volta ao mesmo posto de saúde, 6 dias após, e sentindo dores que dificultavam até seu caminhar, conseguiu consulta com um interessado e preocupado médico de família. Perspicaz, teve a (nada brilhante) ideia de examinar sua parte ginecológica. Passou o espéculo... Ficou atônito com a quantidade de leucorreia (corrimento) e seu odor; mucosa vaginal intensamente hiperemiada, colo friável, sangrante, com secreção purulenta saindo pelo orifício externo. Ao toque vaginal, dor intensa à mobilização do colo. Havia sagazmente fechado o diagnóstico: vulvovaginite, cervicite, complicando com Doença Inflamatória Pélvica (DIP). Prescreveu antibióticos; sentiu-se o Dr. House; teve seu minuto de glória.
Logo submergiu-se em profundos e amargos pensamentos... Como aquela jovem havia passado pela mão de 3 médicos sem que isso houvesse sido avaliado? Como a submeteram a uma tomografia sem terem feito um simples exame físico ginecológico?
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