DÉBORA DINIZ: SOBRE ABORTO NO STF

Tocante, e ao mesmo tempo alarmante, a intervenção da pesquisadora e antropóloga Débora Diniz durante a última audiência sobre aborto no STF. A mesma trouxe dados reveladores da Pesquisa Nacional do Aborto, estudo que ganhou prêmio da Organização Pan-americana de Saúde (OPS) de melhor estudo em saúde das Américas em 2012. O estudo revelou que 1 de cada 5 mulheres, entre 18-39 anos, já fez aborto no Brasil. Dentre essas: 56% é católica; 25% é evangélica. Com as leis atuais vigentes, 4 milhões e 700 mil mulheres brasileiras deveriam estar na cadeia por praticar aborto (mais um exemplo de como as proibições não resolvem nem evitam certas práticas). 
A pesquisadora ressaltou o caso de Ingriane Barbosa: jovem mulher negra, trabalhadora doméstica do interior do Rio de Janeiro, que morreu com um talo de mamona entalado em seu útero, numa tentativa desesperada de praticar um aborto clandestino (no Brasil, as mulheres que mais morrem por praticarem abortos são negras e pobres). Ingriane era mãe de 3 filhos e já havia feito um aborto anteriormente. 
A pesquisadora defende que o desejo da mulher de abortar deve ser uma oportunidade do Estado de intervir; não para prendê-la ou criminalizá-la, mas para cuidar, proteger e prevenir certos agravos. É na rota crítica de cuidados à mulher que pratica aborto, segundo suas palavras, é que podemos apresentar medidas de prevenção: investigar se ela sofre violência; porquê o método que ela faz uso falhou; e o que pode ser feito para melhor proteger sua saúde.
Concordo plenamente!

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