PREVENTIVISMO X PREVENÇÃO
O capitalismo fez a gente confundir prevenção com PREVENTIVISMO, e achar que "cuidado com a saúde" significa fazer exames de rotina periodicamente. Nada mais distante da realidade! Esse tipo de assistência médica - impessoal, especulativa - não aumenta a qualidade nem a expectativa de vida da população. Pelo contrário: incrementa gastos, intervenções desnecessárias, gera ansiedade, sensação de hipocondria, medo e insegurança com o futuro.
Precisamos retomar o conceito de diagnóstico OPORTUNO, no lugar da fantasia do "diagnóstico precoce". A indústria médica criou a ilusão de que é possível diagnosticar doenças antes mesmo de surgirem. Nada mais próximo ao charlatanismo.
As rotinas de check-up estimulam péssimos hábitos de vida ("Vou me permitir continuar comendo porcaria, porque o doutor falou que estava tudo bem com meus exames na última consulta"); e induzem médicos a serem menos assertivos em sua capacidade diagnóstica ("Não se preocupe muito com esse sintoma. Você fez exames de rotina recentemente e estavam todos normais").
Prevenir e dignosticar doenças de forma oportuna é bem mais complexo. Requer investir naquilo que infelizmente passou a escassear: vínculo verdadeiro e sincero com um médico de confiança, que esteja interessado realmente em te conhecer, te examinar e te cuidar ao longo do tempo, como um indivíduo único e total; um médico que te conheça até mais do que você mesmo, como um amigo, com quem você se sinta confortável para conversar sem rodeios e contar seus segredos mais íntimos; um médico bem informado, otimista e educado, que te acompanhe com carinho nesse processo perene de autoconhecimento, reflexão e síntese que é a vida.
Prevenir doenças de verdade, para mim, só é possível com uma vida no exercício da mansidão e do contentamento, sem tormentosas preocupações; com renda, emprego, cultura, arte, moradia, informação e alimentação de qualidade; com tempo para o descanso, o ócio e o relaxamento, sem sedentarismo e hábitos tóxicos. Uma vida em coletividade, sem egoísmo e competição, num lugar onde estejamos mais preocupados com viver o presente do que planificar; amando-nos uns aos outros, às nossas famílias, países e comunidades; num mundo sem irreconciliáveis injustiças e contradições; sem exploracão ou preconceitos de qualquer ordem, em conexão com a natureza e as forças transcendentais.
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