PASTORA LUSMARINA: SOBRE ABORTO NO STF
Ando impressionado com o altíssimo nível do debate sobre o aborto que acontece no STF. Debate amplo, sem dogmatismos ou fanatismos - pelo menos de um dos lados -, com argumentos sólidos e precisos. Dessa vez, repercuto as palavras da pastora Lusmarina, que surpreendeu a audiência e foi aplaudida de pé com sua intervenção.
Começou enfatizando: "Gênero não é ideologia; é um instrumental de análise das relações humanas e sociais". Em seguida refutou o principal argumento utilizado pelas pessoas que buscam na bíblia razões para se contraporem à descriminalização do aborto, baseado no mandamento "Não matarás". Lembrou que esse mandamento nunca teve caráter universal na escrituras, já que era permitido matar estrangeiros, inimigos de Israel e mulheres adúlteras. A vinculação feita entre o quinto mandamento e o aborto é uma flagrante manipulação do texto bíblico, defendeu. É o patriarcado eclesiástico, aclarou, que quer fazer as mulheres acreditarem que elas se tornam assassinas quando decidem descontinuar sua gravidez.
Lembrou de como, desde o início, a cultura patriarcal eclesiástica excluiu as mulheres de espaços importantes e decisórios da vida da comunidade cristã; Elas, que tinham sido parte integral do movimento de Jesus e da sua liderança. Ao se tornar religião oficial do Império Romano, o Cristianismo fechou-se para as mulheres, destacou. Elas ficaram fora do processo de redação, recompilação e canonização dos textos bíblicos, e no decorrer dos séculos, não só permaneceram excluídas, mas foram culpabilizadas pela entrada do pecado no mundo, demonizadas como bruxas e esvaziadas da sua condição de ser autônomo.
Emocionada, a pastora concluiu: "O único com poder de julgar é Deus, e Deus é graça e amor incondicional. A ordenação sacerdotal não nos dá o poder de julgar. Nossa missão é essencialmente servir e amar como o próprio Cristo fez". Terminou sua fala, recordando o caso da mulher adúltera que foi condenada à morte por apedrejamento. Depois de defendê-la, livrando-a dos apedrejadores, Jesus lhe disse com ternura: "MULHER, EU TAMPOUCO TE CONDENO".
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