PERCURSO

Nascido em Brasília, criado e habitante de Taguatinga. Talvez os surpreenda, mas nunca sonhei com ser médico. Quando adolescente, demonstrava maior interesse pelas ciências exatas, tanto que prestei meu primeiro vestibular para a carreira de engenharia de redes. Não consigo ainda identificar os motivos exatos que me levaram a tal, mas, dois meses após concluir o ensino médio, aceitei, sem titubear, o desafio proposto por meu pai de estudar medicina em uma ilha do Caribe - com 17 anos -, através de uma bolsa de estudos integral oferecida pelo governo cubano por meio de sua embaixada aqui no Brasil, graduando-me como médico pela Escuela Latinoamericana de Medicina no ano 2010.
Depois de formado, com muita disposição, mas ainda repleto de incertezas (e, confesso, sem muita vontade de regressar ao Brasil), optei por ir para a Venezuela trabalhar como médico do Batalhão 51vinculado ao programa de residência em Medicina de Família e Comunidade (lá denominado Medicina General Integral - MGI) pelo Instituto de Altos Estudios Dr. Arnaldo Gabaldón, que conclui em 2013. Morei por três anos em um estado fronteiriço, de difícil acesso, próximo à região amazônica e à Guiana Essequiba, chamado Delta Amacuro, totalmente fluvial, onde atuei por quase um ano em uma comunidade indígena da etnia warao. Logo assumi responsabilidades políticas e administrativas vinculadas ao Ministerio del Poder Popular para la Salud, como membro destacado do Batalhão 51, que desempenhei durante dois anos, no marco das políticas implementadas pelo governo popular da República Bolivariana da Venezuela para levar saúde e justiça social aos rincões mais olvidados do país.
Em 2014, já como parte do programa Mais Médicos (foi esse inusitado e corajoso programa  de provimento o maior responsável por meu retorno ao Brasil), obtive a revalidação do título de medicina pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e tive o privilégio de atuar durante oito meses no município Flores de Goiás, no assentamento São Vicente, do qual sinto fecunda nostalgia. Atualmente, exerço como médico de família e comunidade concursado em uma Unidade Básica de Saúde da Samambaia, cidade na periferia do DF.

Orgulho-me ainda de haver atuado no socorro às vítimas da catástrofe sócio-ambiental provocada pela empresa Vale do Rio Doce em Minas Gerais, no município de Mariana e cidades vizinhas, em novembro de 2015, como parte da Rede de Médicos e Médicas Populares e da Associação de Médicos Egressos de Cuba.   
É inevitável, depois de tudo quanto tem me acontecido, sentir que minha existência esteja conectada, intrínseca e misteriosamente, a uma espécie de propósito superior. Na verdade, percebo agora que esses caminhos insuspeitados conduziram-me àquilo que, impacientemente, buscava durante os anos de tenra juventude: minha vocação! 
Por isso, encaro essa profissão-descoberta como uma verdadeira missão, e me esforço diariamente para exercitá-la em sacerdócio que favoreça os mais necessitados.

Comentários

  1. Não pensava existir um profissional da saúde, tão humano ! O Sr , já percebeu que é um enviado de Deus; Não é mesmo ?

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