SOBRE CULPABILIZAÇÃO DE VÍTIMAS
Uma adolescente - criança, melhor dizendo -, de 15 anos, sétimo ano do ensino fundamental, grávida de 10 semanas. Voltara do Maranhão recentemente, onde conheceu um rapaz, de 19, com quem foi morar ao chegar em Brasília, a contragosto de seus pais. Com ele, teve sua primeira relação sexual.
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Uma senhora, de 67 anos, com diagnóstico de síndrome do pânico e transtorno psicótico, tabagista inveterada, condenada eternamente ao uso de drogas psicoativas e ao rótulo de maluca, desajustada e antissocial. Seus problemas tiveram início após agressões sofridas por seus dois maridos, que bebiam, a perseguiam e a espancavam, em algum lugar do interior do Maranhão.
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Um edifício, de 26 andares, em chamas, desaba, em pleno centro de São Paulo, com centenas de famílias em seu interior que não tinham onde morar (um direito básico garantido pela constituição). Mortos, dezenas de feridos, desaparecidos.
Manchetes de jornais, transeuntes comuns, e aposentados em suas casas, apressam-se em chamá-los de vagabundos, desocupados, drogados; políticos tentam se justificar...
Mas, será que são isso mesmo?
E essas mulheres, dos casos relatados, são culpadas de seus destinos?
É necessário estar atento às armadilhas que o sistema nos coloca, para não sermos essa pessoa que culpabiliza a vítima, que justifica violência, violações, ultrajes, tragédias, sob nenhum argumento. Nada justifica o sofrimento de um semelhante. Ninguém merece sofrer, adoecer ou morrer. Todos os seres humanos merecemos ser tratados com dignidade.
Seja quem for, em quaisquer circunstâncias!
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