ÁSANA DA ÁRVORE

Tempos atrás consultei um simpático senhor proveniente da cidade mineira de Januária. Vestimentas modestas, magro, braços rijos, olhos estrábicos e aquele sorriso acanhado (não sei de quê jeito ele conseguiu um espaço na minha agenda). Vinha com queixas típicas de "tontura e fraqueza nas pernas" (rondava os 60 anos).
Perguntei sua profissão: "Da roça mesmo". Após conversar e avaliar sua condição clínica - que era muito boa por sinal -, lembro que lhe propus algo insólito, que ele rapidamente aceitou: que fizéssemos juntos uma postura do yoga (o asana da árvore, que consiste em tentar colocar o pé sobre a perna contrária e manter o equilíbrio). [Já pensou se essas consultas fossem gravadas? Rsss]. Como pratico yoga de vez em quando, rapidamente me equilibrei. Ele, com certa dificuldade, mas, após incentivo, logo conseguiu se equilibrar e manter a postura por alguns segundos. Soltou um sorriso faceiro. Pedi que praticasse todos os dias e me contasse o resultado no seguinte retorno.
Hoje ele apareceu, me encontrou pelo corredor, abriu um pequeno isopor e entregou-me um queijo de sua feitura, sem prévios discursos nem espaços para recusa. Apenas sorriu, e prometeu voltar logo com o resultado de exames...

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