ORGULHE-SE DE QUEM VOCÊ É

Me orgulho muito do caminho que tive a sorte de trilhar até aqui. É verdade que, por vezes, esquivando protagonismos, ou optando por observar ao invés de exceder-me palavras, mas sempre movimentando-me entre o grupo dos considerados fracos, rebeldes, sonhadores e felizmente incompreendidos. 
Ontem vi uma foto que me fez duvidar da veracidade do meu passado. Será mesmo eu? É que sinto como se renascesse a cada dia que acordo, como se caído de alguma dimensão para o momento atual em que me encontro. Assim foi quando me encontrei em Cuba, na Venezuela, ou em meu passo pela Costa Rica, Guatemala, El Salvador, Nicaragua, Argentina, Bolivia, Peru. Sempre com aquela enigmática sensação de que houvesse nascido para estar justamente ali, naquele momento, naquele lugar. Jamais cogitei a possibilidade de não dar o meu melhor nem tentar ser melhor a cada dia.
Confesso que tenho certa dificuldade para lembrar detalhes do que já aconteceu e reconheço-me pouquíssimo no passado. Meus amigos mais próximos não me deixam mentir. No entanto, me acompanha o sentimento de haver tentado transitar sempre pelo caminho da justiça, da solidariedade e da não mediocridade. 
Ao contrário dos que vergonhosamente pretendem se esconder do seu passado, por medo de serem discriminados, ou para serem"melhor" aceitos pelo clube dos ignorantes, me orgulho de cada ensinamento recebido em Cuba; de cada índio que procurou em mim alívio a seu sofrimento crônico, enquanto habitei nas águas do Orinoco venezuelano; de cada criança que me olhou com ternura, em Flores e na Samambaia; de cada morador de Mariana que depositou em mim, ainda que fugaz, um pedaço de esperança.
Em Cuba aprendi o verdadeiro significado de amar; convivi com pessoas de mais de 20 nacionalidades distintas; dominei o espanhol, aprendi francês e consolidei meu inglês adolescente. Aprendi que não existe melhor remédio para a dor do que a solidariedade.
Sinto pena das mentalidades medíocres que, perante tamanha luminosidade, tendo a oportunidade histórica de estar perto do sol, preferiram apontar suas manchas, contrair suas pupilas e se manter na obscuridade acomodada. Não há ser mais deplorável do que a classe dos renegados.
Pois o pior caminho, estimados amigos, é tentar se esconder atrás de armaduras falsas ou inventar um personagem que agrade mais a plateia da ocasião. Terminamos desgastados, sem brilho próprio e inevitavelmente ridicularizados pelas costas.
Porque o primeiro passo para uma existência de dignidade é respeitar-se a si mesmo e ter orgulho de quem você é.

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