CRISE HÍDRICA E O CONSUMO DE CARNES

Estamos consumindo, anualmente, 308,3 milhões de toneladas de carne (no planeta), com estimativa para 2050 de 455 milhões de toneladas, para uma média de consumo de 49,4 kg/pessoa/ano. 
Tendo em conta que 70% da água doce disponível é usada pela agricultura e que destinamos 45,4% dos cereais e 97% da soja para alimentar gado – somadas as necessidades específicas na cadeia de produção da carne (uns 22,5 mil m3 de água doce por ano) –, concluímos que quase a totalidade da água doce do planeta é usada para esses fins, restando muito pouco realmente para o consumo humano. 
Trocamos todos os anos 77 milhões de toneladas de proteínas de origem vegetal de alta qualidade, saudáveis, principalmente da soja, para alimentar gado – que vai nos proporcionar apenas 58 milhões de toneladas de proteínas de origem animal –, rica em gordura saturada, muito mais prejudicial à saúde (o consumo de alimentos de origem animal aumenta o risco de várias doenças, como: obesidade, síndrome metabólica, diabetes tipo 2, diversos tipos de cânceres, hipertensão arterial, infarto, AVC). 
Para produzir carne se gasta muita água. Comparem: carne de boi 15,4 m3/kg; ovelha 10,4 m3/kg; porco 5,98 m3/kg; cabra 5,5 m3/kg; frango 4,32 m3/kg; cereais 1,5 m3/kg; frutas cítricas 1 m3/kg; verduras 1 m3/kg (1 m3 = 1000 litros de água). 
Não resta dúvidas de que o consumo crescente de proteínas de origem animal, atrelado a esse modelo inconsequente de sociedade consumista, contribui em muito para o adoecimento do planeta. Sua produção em larga escala está diretamente relacionada ao desflorestamento, a erosão do solo, perda da biodiversidade, migração da fauna, contaminação ambiental, mudança climática e escassez de água doce. 
Se quisermos realmente economizar água e pensar em um modelo de produção agroalimentar sustentável, mais saudável para nós e o planeta, temos de repensar nossos hábitos dietéticos e diminuir o consumo de proteínas de origem animal (mas para isso acho que vamos ter de mudar o sistema).

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