APOCALIPSE 13

APOCALIPSE 13, 2-19. Não será em nome de satanás, mas de Deus que o mundo irá acabar. O apocalipse, contrariando a descrição do derradeiro livro da bíblia, não se transfigurará em imagens assustadoras e feias, trovões, terremoto, tribulações. Chegará embebido no prazer, paulatinamente, de mãos dadas com o glamour, a luxuria e a indiferença. Nos surpreenderá na fila da farmácia ou no sofá em ​frente à TV, celular na mão, sob o ar condicionado. Ou na balada enquanto desfilamos perfumes importados e descemos mais um combo - para que alguém finalmente nos note. Poderá ser sob efeito de álcool, netflix, lança perfume ou cocaína (seria essa a morte-perfeita-sem-sofrimento que almejamos?). Quem sabe venha em forma de nuvem e nos trague na fumaça de um narguilê ou de um hookah abarrotado. Virá sem esconder-se, no sol mais alto do dia, com sorriso de lentes de contato, terno e gravata, em corpos depilados à laser. E o terrível dragão do fim do mundo, de 10 chifres, 10 diademas, pata de urso, boca de leão, apareça transmutado em vítima de um covarde atentado - que o fará aclamado, idolatrado, nunca temido - vestindo verde-amarelo ao invés de vermelho. E em cada face das sete cabeças de cornos cerrados, ocultos, disponha as carrancas inofensivas de moro, rigodanzo, onyx, mandetta, bebianno, guedes e vélez.
{Primeiro Domingo da Nova Era das Trevas}

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