MENSTRUAÇÃO NEGATIVADA

Tenho feito o exercício nas consultas de perguntar às meninas de 9, 10 anos, e às adolescentes de 11, 12, 13, quê visão elas têm da sua própria menstruação. De forma praticamente unânime respondem que não sabem muito bem como funciona, que não gostam, acham ruim, sujo, incômodo, e sentem vergonha, constrangimento... Em que momento essas meninas-crianças interiorizaram visões tão negativas sobre suas existências? Quê influência tem nisso as mulheres que antecederam e circundam essas meninas? Como interfere a cultura, a sociedade e a religião na forma como essas meninas irão vivenciar seus ciclos de fertilidade, a menstruação e sua sexualidade? Precisamos quebrar essa cadeia de sofrimento condicionado imposto às mulheres na raiz: deixar de sugestionar negativamente as meninas e prepará-las sempre para o pior; impôr cargas afetivas positivas e encantadoras em torno da magia sagrada e purificadora que é tornar-se mulher fértil que menstrua, capaz de gerar outra vida humana. Aí começa o capítulo de dor, sofrimento, cólicas, doenças ginecológicas, que pode estender-se por toda uma vida, de forma cíclica ou não, a depender da visão de si mesmas que as ajudamos construir.

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