ESTÉTICA

Inclino-me cada vez mais contrário a cirurgias plásticas para fins eminentemente estéticos. Um dia, a medicina olhará para trás e sentirá vergonha por todos os danos e mortes causadas, em função do lucro e dos padrões de beleza que se impõem, em detrimento da saúde física e mental de muita gente, principalmente das mulheres. 
Deveríamos ser incentivadores e partícipes estruturais das descobertas humanas sobre o universo, a vida, o funcionamento dos corpos; na aceitação e na admiração de tudo quanto nasce, existe e é sagrado, tal como veio; os primeiros em auxiliar cada individuo nessa tarefa árdua, cotidiana e por vezes difícil que é (se) amar...
Como o caso de uma paciente, que veio à consulta para uma avaliação prévia à inserção do DIU um dia desses. Bonita, saudável, sem doenças. Com 35 anos, decidiu submeter-se a uma lipoescultura e cumprir com o "seu sonho" de colocar próteses mamarias. 
Quarenta e cinco dias após os procedimentos, evoluiu com tromboembolismo pulmonar, indo parar na UTI, em estado grave. Teve um lobo inteiro do pulmão direito comprometido. Ainda hoje, precisa diariamente tomar anticoagulantes e vestir uma cinta que lhe aperta a existência. 
Perguntei se estava, ao menos, satisfeita com o resultado, ao que ela enfadonhamente respondeu: 
- Não, doutor. Sofrimento demais, muita dor, recuperação terrível. Quase morri, e ainda tenho que ficar tomando esses remédios. Não recomendo para ninguém. Muito melhor ter ido para a academia e melhorado minha a alimentação...

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