MESTRADO

Quando voltei para o Brasil, o clima era de tensão. 2013, Dilma. Primeiro ciclo do Programa Mais Médicos. Imaginem. Vinha de uma longa jornada, gratificante, porém difícil, atendendo populações indígenas ribeirinhas do delta do rio Orinoco, na Venezuela, num território inóspito e selvático próximo à Amazônia, Guiana Inglesa e Roraima. 

O clima que encontrei no país me assustou. Cheguei no auge do ódio, da desinformação, e num momento de extrema polarização política. Graças a isso, creio, e por posicionamentos ideológicos desencontrados, colegas médicos e outros funcionários tentaram tratar-me com indiferença e minar o chão por onde teria de transitar. Só pelo fato de haver (tido o privilégio) de cursar medicina (com uma bolsa de estudos 100% integral) em Cuba, nada menos que na Escuela Latinoamericana de Medicina (já considerada uma das melhores do mundo pela ONU - sorry).

Com esforço e tranquilidade, revalidei meu diploma pelo Revalida (UnB) e pela UFMG em 2014, e apresentei-me para a prova de título de especialista em medicina de família e comunidade em 2015, passando na primeira oportunidade. Em 2017, iniciei minha segunda especialização, em Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa (quase metade dos médicos formados no Brasil não tem nenhuma), e fui chamado para assumir o concurso da Secretaria de Saúde do DF, onde atualmente sou preceptor da residência de medicina de família. 

Esse ano, tive a oportunidade de tutorear e auxiliar alguns colegas médicos que falaram besteira a meu respeito e da qualidade da medicina cubana, durante o processo de Converte realizado aqui no nosso estado (conversão dos médicos clínicos, pediatras e ginecologistas para a estrategia de saúde da familia). Foi engraçado dar a volta por cima e ver a cara dos "doutores" sabichões tendo que fazer consulta compartilhada e receber orientações de um médico de família formado em Cuba (kkkkkkkk)

Querem discutir e questionar a qualidade da formação e da medicina cubana? Passem num mestrado, daí a gente conversa...