VISÕES NOTURNAS

São os mesmos rostos: que me angustiam e mobilizam; as mesmas faces, que me dilaceram e sensibilizam; as mesmas vítimas, ora protagonistas: da história reiteradas vezes repetida.
É esse mesmo povo, que agoniza, nas ruas ou nos hospitais; desempregados, sem terras, mulheres, atormentadas por vozes e dores que remédio nenhum consegue tirar: pelos abusos, violência - emoções reprimidas -, agressões, sofridas dentro de casa, pelo homem que prometeu-lhes cuidar.
Crianças sem-rumo, sem teto, sem lar, sem pai; mendigos maltratados em estacionamentos; a humilhação de não ter a quem beijar. 
Índio queimado na capital do país; bombas caindo sobre o povo de Alá (silêncio); pessoas assassinadas por amar outra do mesmo sexo; emigrantes africanos desembarcando em praias perplexas do continente europeu.
Jovens negros levando tapa de policiais, na esquina; homem velho, rico e branco exaltando a ditadura no Jornal Nacional: por mim, o Apocalipse era aqui e agora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MOURÃO, MOURÃO

PERCURSO