GOYAZ

Chão de pedras, aroeira, Rio e Pontes. Sorrisos crescidos ao sabor do empadão. Fogos de artifício na copa das árvores. Play back. Como se a encenação musical confessasse a existência de um lugar com auto-estima, sem complexos de inferioridade. Morro do macaco molhado, depois das quatro, dois reais para entrar. Luz verde, coração, estrela, cachaça. Carioca noutro dia para o banho vermelho: caminho real para o nascente, empresa de luz e força. Fontes e chafariz: del rey, cambaúba, de cauda e o pequeno do coreto. O coração quente multicolor da poeta acompanha e zela transeuntes, do parapeito da janela de seu quarto-sobrado. Casa antiga de desembargador e provisora do Quinto Real. Em cada desnível do empedrado ressoa sua palavra. O bar de sinuca vigia telhados de barro. Ao fundo montanhas douradas. À noite do dia 30, nos convidaram a uma casa onde fazia-se fila da vizinhança para comer. À vontade, insistiam (foliões podiam furá-la). Conta Cora que a serventia da fartura tambem serve para sanar desavenças e inimizades entre famílias, dissipadas no rezo recíproco e afinado de gente simples de colete. Vermelho. Quase 300 anos, entre enchentes, estórias, ouro e prata: Goyaz de bandeiras, escravos e cruz. Prisão cruel e lúgubre, no alto do largo do chafariz de cauda, de onde ninguém nunca escapou, testemunha da imundície humana. No porão da Velha Casa - canto de Maria Grampinho, andarilha -, a fonte perpétua da vida: que nunca haverá de secar (como os versos de Anna Lins).

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